Especialistas cobram maior rigor e controle na seleção para ingresso nas polícias Civil e Militar de Minas Gerais
Iracema Amaral - Repórter - 11/01/2011 - 12:42
EUGÊNIO MORAES
Policiais fazem cerco no HC, depois da invasão de um PM
A avaliação para comprovação da sanidade mental dos policiais militares e civis de Minas Gerais é um assunto que volta a ocupar o noticiário policial depois que o soldado Fabrício Cruz de Carvalho, após suspeita de ter sofrido um surto psicótico, invadiu, no fim de semana, o Hospital das Clínicas usando um revólver calibre 38, disparando dois tiros, causando pânico e medo entre pacientes e visitantes que se encontravam no hall da instituição. Não houve feridos e o militar foi internado na Clínica Serra Verde, localizada na MG-010, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde outros 34 militares também estão internados para tratamento psiquiátrico.
Na segunda-feira (10), o fato era tratado com reserva pela Polícia Militar, que não informou quantos policiais militares encontram-se em licença para tratamento psiquiátrico nas demais unidades credenciadas pela corporação. Por meio de nota, a corporação destacou que o exame psicológico é “requisito obrigatório” para ingresso nos quadros da Polícia Militar.
Para a chefe do Departamento de Psicologia da Academia de Polícia Civil (Acadepol), Tânia Alves, há 30 anos selecionando candidatos, as duas corporações cometem a “mesma falha” na avaliação psicológica. “As duas polícias fazem mais um acompanhamento reativo, depois que estoura o caso, em vez de um tratamento preventivo”, avalia Tânia, que é psicóloga e já avaliou mais de 40 mil candidatos. Ela defende uma supervisão mais constante dos policiais.
O último levantamento feito pela Polícia Civil, em 2009, registrou 1.434 licenças médicas, das quais 32% para tratamento psiquiátrico, entre eles problemas envolvendo ansiedade e depressão.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que “todos os policiais militares passam, bienalmente, pelo Treinamento Policial Básico”.
Na Polícia Civil, de acordo com o diretor do Departamento de Recursos Humanos, Vagner Vidal, 15 profissionais, entre psicólogos e assistentes sociais, fazem parte do Programa de Atendimento Psicossocial para acompanhamento de 12 mil policiais da corporação em todo o Estado. Vidal disse que, além de palestras e cursos relacionados a relações interpessoais e motivação profissional, esse grupo de profissionais faz ainda atendimento individualizado. “Quando detectamos a necessidade de atendimento continuado, encaminhamos o policial para um dos hospitais conveniados”.
O psiquiatra forense e criminólogo Paulo Roberto Repsold alerta que o sistema de avaliação das polícias Civil e Militar deveria ser repensando. “Apesar de as duas polícias fazerem o dever de casa direitinho, avaliando os policiais para ingresso, está havendo alguma falha, porque vira e mexe há algum caso parecido com o ocorrido com esse policial, no Hospital das Clínicas”.
O psiquiatra acredita que os candidatos a policial deveriam ser testados para verificar se possuem “real aptidão” para o cargo. “Para ser policial, ao contrário do que se supõe, é preciso ser uma pessoal calma, com muito controle emocional. Mas, às vezes, o sujeito não é assim e entra para uma das duas corporações em busca da estabilidade do serviço público”.
FONTE: JORNAL HOJE EM DIA E BLOG DA RENATA
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