28 de junho de 2013

A MENTE DA TROPA DE CHOQUE

Há quem creia, equivocadamente, que dentro do corpo de um policial militar não bata um coração suscetível a emoções voltadas para as questões sociais. Que o PM empregado em uma tropa de choque não tenha mente aberta para aceitar a ideia de que as manifestações, em geral, lutam por melhorias para a coletividade. Mas o que leva à aceitação da missão de reprimir certos grupos?
Muitas vezes, apesar de concordarem com os fins, certos policiais não concordam com os meios empregados na tentativa de alcançar o objetivo. Isso vale tanto para o momento em que a classe policial militar luta por melhorias na sua própria categoria, quanto para a situação atual, onde as questões são amplas e abrangentes.
Logo, é preciso crer que a intenção de tolerância do combatente empregado em pelotão de controle de distúrbio civil pode ser rapidamente convertida no ânimo para fazer cessar o caráter de desordem de certas mobilizações. O hábito de realizar um trabalho voltado para a preservação da ordem pública faz com que certos PMs resistam a aceitar que vias públicas sejam obstruídas, ou o patrimônio alheio seja depredado diante de seus olhos, sem que nenhuma providência enérgica seja tomada.
Alia-se a esse aspecto o fato de, por mais adestrada para resistência à psicofadiga que esteja uma tropa, os inúmeros impropérios dirigidos à corporação, e mais do que isso, à pessoa do servidor ali investido em autoridade, revertem em antipatia a simpatia inicial entre os supostos repressores e os supostos manifestantes. O arremesso de um artefato costuma ser o estopim para o início de um confronto com traços medievais.
A ação de choque tem um caráter curioso, o de encorajar o oponente a enfrentar a Polícia. Enquanto ele emprega coquetéis Molotov, pedras de diversos tamanhos e fogos de artifício potencialmente fatais, a tropa se limita a recorrer aos agentes químicos e artefatos testados e aprovados em padrões mundiais de controle de qualidade e segurança, oferecendo baixíssimo risco de morte ou lesões graves. Tal condição peculiar, totalmente diferente de uma troca de tiros com armas de fogo, acaba por estimular em alguns a permanência no terreno, desafiando para um duelo o PM, obrigado a seguir os limites legais e regulamentares da doutrina técnica.
Resumidamente por isso é preciso entender que atrás do escudo não há necessariamente um ser alienado e passivo, mas muitas vezes um cidadão consciente e esclarecido, que até concorda com a pauta das reivindicações, mas não aceita o modo como é recebido e tratado pela população. É uma via de mão dupla, se ilude quem acha que os PMs desembarcam com “sangue no olho”, desejosos de praticar violência contra estudantes e lutadores pelas causas sociais. Às vezes são as circunstâncias que obrigam e motivam a equipe a empregar a energia necessária para dispersar a multidão e defender sua integridade.
FONTE: ABORDAGEM POLICIAL
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários: