5 de novembro de 2013

SEDS: CRACK, ARMAS E EFETIVO PODEM ESTAR RELACIONADOS AO AUMENTO DA VIOLÊNCIA

Aumento de investimentos não reduz índices de criminalidade. Estado gastou 19% a mais em segurança em 2012; secretário culpa drogas, armas e déficit de policiais.

Andar pelas ruas à noite sem medo é um desejo de muitos mineiros, mas ainda está longe de ser realizado. Mesmo com o aumento dos investimentos em segurança pública, os gastos ainda não se traduziram em redução nos índices de criminalidade. É o que aponta o 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e com divulgação prevista para hoje.

De acordo com o levantamento, que compara os dados dos anos de 2012 e 2011, Minas destinou ao setor R$ 7,57 bilhões no ano passado – um aumento de 19%. Contudo, no mesmo período, houve um aumento em todos os indicadores de violência mensurados pelo fórum.

No caso dos homicídios dolosos (quando há intenção de matar), considerados prioridade pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Seds), foram registradas quase 20 mortes a cada 100 mil habitantes – 7,4% a mais que em 2011 e o dobro do considerado aceitável pela Organização das Nações Unidas (ONU). O mesmo foi verificado em relação aos latrocínios (roubo seguido de morte), que subiram de 90 casos para 128.

Para o secretário da pasta, Rômulo Ferraz, a constatação pode ser explicada por fenômenos nacionais. “A partir de 2011, houve um recrudescimento das estatísticas. Entre os principais motivos estão a disseminação do uso do crack, que contribuiu para a expansão de crimes violentos, e a circulação de armas de fogo, cada vez maior”.

Outro fator citado pelo secretário estadual é o déficit de efetivo policial. “Existe uma lacuna em processo de recomposição, causada por uma mudança na legislação que acelerou o processo de aposentadoria dos policiais”, completou Ferraz.

Metodologia. A maneira como o dinheiro é gasto, segundo o anuário, é um dos fatores que mantém os índices em alta. Dos mais de R$ 7 bilhões gastos em 2012, 34% foram com o pagamento de aposentadorias. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, essa realidade “não contribui diretamente para o policiamento ou para as demais funções de segurança pública no Estado”. Somente 19% dos recursos foram reservados para o policiamento.

Piora - Os Estados com as menores taxas de homicídios dolosos são Amapá, Santa Catarina e São Paulo. Entretanto, o Amapá teve o maior aumento proporcional desses crimes – passou de 3,4 mortes para 9,9 a cada 100 mil habitantes.

Homicídios - Alagoas foi o Estado com maior número de homicídios dolosos (quando há intenção de matar), com taxa de 58,2 mortes por 100 mil habitantes. Mas houve redução de 21,9% nos números – em 2012, foram 2.359 mortes.

Estupros - Pela primeira vez, o número de casos de estupros no país superou o de homicídios dolosos, segundo o relatório. Foram 50.617 casos, contra 47.136 assassinatos. Em Minas, o número de casos subiu cerca de 10%.

Investimento - Os gastos com segurança pública no Brasil somaram R$ 61,1 bilhões em 2012, um aumento de 15,83% em relação a 2011. São Paulo foi o que destinou mais recursos: R$ 14,37 bilhões. Minas Gerais aparece em terceiro lugar.

Pessoal - Reforço. Segundo a Seds, 420 delgados tomaram posse em março e há um concurso em andamento para 1.700 militares. Porém, ainda não há previsão para novos cargos de investigador.

Saiba mais - Veículos. O Estado registrou, em 2012, 44.896 roubos de veículos – subiu 20,4% em um ano. A esteticista Simara Alves, 25, foi uma das vítimas. “Dois homens chegaram em uma moto. Eles estavam armados e levaram a meu carro’, diz.

Superlotação - A população carcerária em Minas cresceu 9,55% entre 2011 e 2012 – passou de 41,5 mil para 45,5 mil. No entanto, o número de vagas recuou, saindo de 27,4 mil para 27 mil. A Seds garante que até 2015 serão criadas outras 14,5 mil vagas, uma vez que serão construídas novas unidades prisionais. O Estado conta ainda com a implantação de tornozeleiras eletrônicas para reduzir a falta de vagas no sistema.
FONTE: O TEMPO
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