18 de março de 2014

GRUPO FAZ ATO EM SOLIDARIEDADE AOS PMS MORTOS DO RIO

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Manifestação foi pacífica, silenciosa e teve como objetivo cobrar respostas imediatas do Poder Público

A organização não governamental Rio de Paz promoveu na noite desta segunda-feira (17), na Cinelândia, centro do Rio, um ato de solidariedade aos familiares dos policiais militares mortos nos últimos anos nas favelas da cidade. 

Segundo a entidade, uma das motivações do ato é a certeza de que é necessário, por parte do Estado, a implementação de politicas públicas como forma de complementação do processo de ocupação e pacificação das comunidades ocupadas pelas Unidades de Policia Pacificadoras (UPPs). Durante o ato público, os manifestantes vestiram camisas pretas, conduziram velas acesas, ostentaram 140 cartazes com cruzes desenhadas e pintadas de preto que simbolizaram o número de policiais militares mortos entre 2007 e 2014 nas favelas e morros da cidade. 

A manifestação foi pacífica, silenciosa e teve como objetivo cobrar respostas imediatas do Poder Público em relação à morte dos “muitos policiais que tombaram nos becos e vielas em defesa do povo do Rio de Janeiro”.

“O que nós queremos com este ato é que o Estado manifeste amplo e imediato apoio aos familiares dos policiais mortos em ação e que inicie urgentemente o processo de implementação de políticas públicas nas comunidades pobres ocupados pelas forças de segurança. Conceito de direitos humanos verdadeiro deve incluir todos os cidadãos. Os policiais e seus familiares não podem ser esquecidos por nós. Todos queremos a paz e a temos como bem excessivamente valioso, mas poucos estão pagando o preço. A pergunta é: o que tem sido feito por eles, os policiais mortos? Quanto de sangue ainda terá que ser derramado para que compreendamos que pacificação sem inclusão social do pobre não é pacificação, mas ilusão?", questionou Antônio Costa, fundador e presidente do Rio de Paz.

Costa, em entrevista à Agência Brasil, disse que a ideia da manifestação surgiu na semana passada durante o enterro do tenente Leidson Acácio, subcomandante da UPP da Vila Cruzeiro, assassinado por traficantes com um tiro de fuzil na cabeça.

“Naquela oportunidade, vendo a esposa e a mãe do policial acariciando a sua cabeça destroçada por um tiro de fuzil, nos chamou a atenção o sofrimento da família. Vendo a dor daquela família, destroçada pela mesma bala que matou o policial, ficamos a pensar: o que o Estado está realmente fazendo por esses familiares? Eles estão sendo amparados adequadamente do ponto de vista psicológico e financeiro?”

O presidente do Rio de Paz disse que a decisão pela manifestação foi a forma encontrada para dar voz a essas muitas famílias vítimas da “guerra do tráfico”. “É preciso que elas tenham por parte do Estado todo o apoio necessário. E também que o Estado faça tudo o que for necessária para evitar mais mortes – não só de policiais, mas também de civis na intensidade que vem ocorrendo nas favelas do Rio de janeiro”.

Costa é categórico: “A pacificação sem a inclusão social do pobre não vai levar a lugar nenhum. Então nós estamos aqui reivindicando essas duas providencias por parte do Estado: o amparo às famílias que estão pagando um preço altíssimo pela pacificação e que esse mesmo Estado faço a sua parte – que é a implementação de politicas publicas”.

Para Costa, se o Poder Público não marcar a sua presença com educação, saneamento, emprego, qualificação profissional, ações voltadas para as crianças - com esporte, lazer e cultura - não chegará a lugar nenhum. "É uma sociedade de consumo que cria produtos para os consumidores e consumidores para os produtos, mas que é profundamente desigual em suas relações. São desiguais vivendo lado a lado. E tudo isto adubado pela guerra do tráfico - das drogas. É um cenário altamente explosivo e profundamente desumano”, avalia.

Para o presidente e fundador do Rio de Paz, não há nada mais importante para a pacificação do que a implementação de ações que ganhem o coração dos moradores das comunidades ocupadas - especialmente o coração das mães que habitam os casebres que geralmente compõem o cenário cotidiano dos morros e favelas ocupados.

“Você entra ali com cheche, com lazer, moradia e saneamento básico - e ainda por cima retirando as ratazanas que lá exercem o seu domínio – e estará ganhando o coração da comunidade. Só aí ela vai ficar ao lado do Poder Público. E isto não acontece hoje - porque os moradores se sentem abandonado e só veem a força do poder de polícia. E é esse policial que tem que pagar o preço pela falta de visão do Poder Público”, acredita.

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