18 de outubro de 2010

Em entrevista ao UOL, o "verdadeiro" capitão Nascimento diz que é mais feliz longe do Bope

O ex-comandante do Bope Rodrigo Pimentel inspirou o capitão Nascimento, vivido por Wagner Moura
O ex-comandante do Bope Rodrigo Pimentel inspirou o capitão Nascimento, vivido por Wagner Moura
A foto com a boina estampada pelo símbolo do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, a caveira, foi até este ano, ironicamente, a menor das semelhanças entre o ex-comandante do Bope Rodrigo Pimentel e o capitão Roberto Nascimento, vivido pelo ator Wagner Moura no aclamado “Tropa de Elite”. Os conflitos familiares vividos por Pimentel ao longo de sua carreira na PM e o estresse de quem trabalha “no fio da navalha” diante da violência urbana da capital fluminense foram decisivos na composição do personagem principal do longa metragem do diretor José Padilha.

A inspiração que uniu os personagens da ficção e do mundo real, porém, termina em “Tropa de Elite 2”, quando o agora coronel Nascimento abre mão do seu objetivo de criar um substituto no comando do Bope e de dar mais atenção à sua esfacelada relação familiar para seguir à frente no combate aos “vagabundos”. Rodrigo Pimentel seguiu caminho inverso. Hoje o seu celular toca para atender pedidos de entrevistas e para organizar sua vida de comentarista de segurança pública, e não mais para largar a família em casa para liderar uma operação policial.


“Se eu estivesse na Polícia Militar, hoje, certamente estaria comandando um batalhão. É uma vida infernal. Ele leva um celular para casa e esse celular vai tocar no final de semana umas dez vezes. Eu curto muito os meus dois filhos, curto muito meu fim de semana. Sou mais feliz hoje”, confessa Pimentel, co-roteirista de “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2”. 
Nesta entrevista exclusiva ao UOL Notícias, Pimentel, agora uma espécie de antítese do protagonista da trama policial, explica também que, ao contrário de Nascimento, cujo lema que inspira seus comandados é de que a “guerra é a cura”, sua “válvula de escape” hoje é “falar sobre segurança pública, promover debates, falar com vocês aqui”. 

Há dez anos longe da PM, e há quase um como comentarista de segurança do telejornal regional da Rede Globo, o RJTV, ele afirma também que “esporte, política, cultura, moda, isso sempre foi comentado e debatido em qualquer jornal do Brasil. Já na segurança pública a notícia sempre foi apresentada, jogada, e você acreditava naquilo”. 

Além de roteirista, e comentarista, Pimentel também promove palestras pelo Brasil abordando o cenário da segurança pública fluminense. O principal assunto é a proliferação das milícias nas favelas e na política do Rio. 

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