O coordenador do projeto Mapa do Tráfico Ilícito de Armas no Brasil e do Ranking dos Estados no Controle de Armas., Antônio Rangel Bandeira criticou, ainda, a autorização concedida pelo Estado a policiais, bombeiros e militares que podem adquirir, por ano, três armas a preço de fábrica. “Muitos desses policiais e militares, por ganharem mal ou por outro motivo qualquer, revendem esses armamentos de forma ilegal fazendo disso um comércio”, denunciou. O ministro da Justiça disse que a questão será levada para análise no Conselho Nacional de Secretários de Segurança Pública.
*José Luiz Barbosa
Pode ser que de fato, os policiais e bombeiros militares, revendam sua armas particulares por qualquer motivo, como ressaltado, mas antes de somente dar pitaco sobre uma realidade, pouco ou completamente desconhecida, tamanha ignorância demonstra que nunca houve um estudo sério para avaliar sob que condições e impactos executa-se as atividades de segurança pública.
Mais uma razão assiste ao coordenador dos estudos, sem dúvida, o policial ou bombeiro militar, revende sua arma, na quase totalidade dos casos, por ser aviltado em sua condição salarial, que lhe submete a penúria financeira, restando assim colocar a venda, sua ferramenta de trabalho, que é usada para o proteger dos efeitos colaterais de sua profissão, e da sanha vingativa dos criminosos com os quais lida todos os dias.
Antes mesmo de jogar a culpa, quase que exclusiva sobre os ombros dos policiais e bombeiros, que em sua esmagadora maioria, não ganham suficiente nem para adquirir uma arma de fogo mais moderna e potente para proteger a si e sua família, desnecessário lembrar, que a profissão de policial e bombeiro militar é perigosa por natureza, acrescente-se a isto as possíveis ameaças decorrentes de seu trabalho de prevenção e repressão a criminalidade e a violência.
Parece que quando não há como apontar sem prejuízo político os verdadeiros responsáveis pela entrada de armas, e pelo comercio ilegal, no país, o que eleva anualmente os índices de homicídios, é mais fácil e dá mais ibope, transferir toda responsabilidade para a polícia, que além de lutar incansavelmente para retirar armas letais das ruas e prevenir e reduzir as mortes, agora também é acusada de fornecer armas, vendidas, com o objetivo de sustentar sua família, não seria melhor então, conceder um salário justo e digno aos trabalhadores da segurança pública.
Enquanto houver discurso vazio, estudos encomendados para justificar malversação de dinheiro público, e políticas públicas dissociadas de uma verdadeira valorização dos policiais e bombeiros militares, continuaremos retirando armas das ruas, e a violência e o crime serão alimentados por fontes legais e abertas ao comercio clandestino de arma e munição, o que afeta irremediávelmente a tranquilidade e segurança do cidadão, potencializando ainda mais o risco a que os policiais e bombeiros militares estão expostos.
Com tudo indo como está e permanecendo o cenário inalterado, muito em breve teremos um cataclisma na segurança pública, com rebeliões em presídios, ataques a bases policiais, atos de vandalismo, destruição e incêndios em veículos, imóveis, e repartições públicas e privadas, e para difundir o terror na população, execução de juízes, promotores políticos, e autoridades públicas, bastando que os criminosos se reagrupem para contra-atacar, copiando "los ermanos" mexicanos.
Pode ser que assim, e como contarão somente com os abnegados policiais e bombeiros militar para defenderem suas vidas, patrimônio e incolumidade física e moral, compreendam que valorização profissional talvez já não seja mais suficiente para morrer em nome da segurança pública.
2º Sgt PMMG, Bacharel em direito, Presidente da Associação Cidadania e Dignidade e fundador do blog cidadania e dignidade.
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