20 de maio de 2011

Cotidiano de crimes

EDITORIAL
JORNAL O TEMPO

O Brasil está numa encruzilhada. O país continua a crescer. Em março, o crescimento nos últimos 12 meses atingiu 5,2%. No mercado de trabalho, a situação é de quase pleno emprego. A oferta de vagas continua aquecida. 
Uma pequena parte da população, no entanto, permanece à margem dessa afluência. Por razões culturais, não vê alternativa a não ser no crime. Irrigado, o ambiente torna-se propício ao tráfico de drogas, à prostituição etc. 
O bandido pé de chinelo se profissionaliza. Os crimes ficam cada vez mais sofisticados. Sobretudo no Rio de Janeiro, vêm se multiplicando os registros de assaltos a caixas eletrônicos e a condomínios residenciais. 
Em Minas Gerais, o crime ainda não atingiu aquela escala de violência. Felizmente para seus habitantes, a polícia e as autoridades. Estamos ainda no estágio das "saidinhas de banco" e da queima de coletivos.
Nas últimas semanas, 13 ônibus foram incendiados na região metropolitana. A polícia não tem pistas dos autores. Também não conseguiu elucidar os 70 casos de "saidinha de banco" que ocorrem por mês na capital.
Para as autoridades, parece que esses crimes, de tão rotineiros, fazem parte da normalidade. As investigações obedecem a uma escala. Se a vítima é importante ou o prejuízo ultrapassa um valor, elas seguem; se não, não.
Policiais civis (* militares) reclamam um piso de R$ 4.000 - uma promessa de campanha do governador. Os militares lutam pela PEC 300, que os equipararia aos do Distrito Federal. Enquanto isso, fazem "cera" até para emitir um BO. 
Segurança é um dos bens públicos mais reclamados pela população. No entanto, é também em que o Estado mais deixa a desejar. Só 8% dos homicídios são resolvidos por ano no país. Em Minas, são 20 mil mortes - o segundo maior. 
A continuar nessa marcha, a tendência é piorar. O progresso não traz só ordem, mas desordem também. Principalmente se os responsáveis pela defesa social continuarem a se omitir, em conivência com o crime, como acontece.

(*) modificado
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários: