William Melo de Souza foi sequestrado e torturado por
integrantes do PCC, Primeiro Comando da Capital, organização que, de
dentro dos presídios, comanda pelo menos parte do crime organizado em
São Paulo. Sob tortura (já confirmada pelas investigações, e com os
torturadores condenados pela Justiça), ele foi forçado a admitir que
tinha cometido crime de pedofilia. Era o início do famoso Caso de
Catanduva — mais uma vez, imprensa e Ministério Público com o mesmo
propósito, de mostrar que o réu era culpado.
Como de hábito, os
promotores deram aquele show de entrevistas, que jogaram a opinião
pública contra William (e à defesa coube pouco mais que aquela
tradicional frase, "seu advogado nega as acusações"). Ele ficou quase
três anos preso. E foi absolvido. Nada de "falta de provas", coisas
desse tipo: a Justiça o declarou inocente. E como foi que a imprensa
noticiou a inocência do cavalheiro que, em seu noticiário anterior, era
apontado como culpado, monstro, sem-vergonha, que teria abusado
sexualmente de 36 crianças de no máximo 14 anos de idade?
Foi
incrível: noticiou a absolvição repetindo as acusações. Num grande
jornal de circulação nacional, o Ministério Público, amplamente
derrotado no caso, foi ouvido de novo (e, procurando minimizar a
notícia, disse que era coisa velha, já que a sentença tinha saído há
quatro meses). Se a notícia fosse velha, continuaria verdadeira; mas a
sentença saiu na mesma semana em que a matéria da absolvição foi
publicada, sem que a reportagem se desse conta disso. E as acusações
derrubadas pela Justiça foram repetidas, uma por uma, como se julgamento
não tivesse havido.
Os meios de comunicação não quiseram divulgar
a sentença (na nota abaixo, veja o motivo). Alegaram que o processo
correu em segredo de Justiça. Mas após o julgamento não há mais segredo:
quem procura acha.
Fonte.: Conjur
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