Crise com a Polícia Civil leva à mudança no comando da PM em Minas
Coronel Renato Vieira vai para a reserva. Assume o coronel Márcio Sant'Ana, atual chefe do Estado-Maior, com a missão de ajudar a conter as brigas da corporação com a Polícia Civil
Dentro do conjunto de mudanças que vai anunciar nos próximos dias para a Defesa Social, o governador Antonio Anastasia formalizou ontem a troca do comando da Polícia Militar de Minas Gerais. O coronel Renato Vieira de Souza deixará o cargo depois de amanhã, quando completará 30 anos de serviço público, e será transferido para o quadro de oficiais da reserva. O novo comandante geral da PM será o coronel Márcio Martins Sant’Ana, atualmente chefe do Estado-Maior. Para o lugar de Sant’Ana, está cotado o assessor institucional da PM, coronel Divino Pereira de Brito.
Em meio a uma crise institucional entre a PM e a Polícia Civil, esta é a segunda troca promovida nos últimos dias. Na sexta-feira, Geórgia Ribeiro Rocha, responsável pela integração das polícias, um dos cargos mais importantes dentro do sistema, foi exonerada pelo secretário de Estado de Defesa Social, Lafayette Andrada (PSDB). Embora Lafayette tenha anunciado que o fez a pedido dela, a exoneração ocorreu numa tentativa de segurar o próprio cargo, ameaçado pelas dificuldades de relacionamento com o seu secretário adjunto, Genilson Ribeiro Zeferino, e pelo agravamento dos embates entre policiais militares e civis. Zeferino também deixará o governo. Tem afirmado aos interlocutores: “Estou limpando as gavetas”.
Anastasia gostaria de colocar à frente da Secretaria de Estado da Defesa um perfil mais técnico para levar adiante a unificação das polícias. O processo está em momento delicado, em decorrência da escalada de incidentes com morte no confronto entre as polícias. O nome de sua preferência é o do procurador de Justiça Rômulo de Carvalho Ferraz. O procurador nega que tenha sido convidado.
Se ocorrer a mudança na Defesa Social, Lafayette Andrada retornará à Assembleia Legislativa, onde há novo problema político a ser aplainado. A função de liderança do governo na Casa tem sido cogitada para prestigiar Lafayette Andrada, uma vez que o atual líder, Luiz Humberto Carneiro (PSDB), é pré-candidato à Prefeitura de Uberlândia. Mas há grande resistência entre deputados da base aliada ao nome de Lafayette Andrada. Os parlamentares preferem Bonifácio Mourão (PSDB) na função, considerado afável e um firme negociador.
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Integração das polícias a passos lentos em Minas
Alta fonte da Seds diz que processo é 'igual casamento': tem que falar todo dia que gosta um do outro, mesmo sem ser verdade
“A integração das polícias Civil e Militar em Minas é igual casamento. Tem de falar todo dia que gosta um do outro, mesmo sem ser verdade”. É assim que uma alta fonte da Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds) define a difícil tarefa de buscar a sintonia entre as duas corporações. Impulsionado quando o governador Antonio Anastasia (PSDB) era secretário de Defesa Social durante o governo Aécio Neves, o processo de reunir as ações das duas corporações estaria, hoje, praticamente paralisado.
O motivo seria a falta de continuidade de etapas importantes do processo de integração na gestão do atual secretário, Lafayette Andrada. A avaliação é do sociólogo Robson Sávio Reis Souza, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da PUC Minas, que atuou na implantação desses programas durante o governo Aécio Neves.
“Naquela época, Anastasia tinha o conhecimento necessário, o prestígio e suporte político por parte do governador. No entanto, essa situação mudou. O secretário Lafayette Andrade tem mais um perfil político, e não técnico. Por desconhecer detalhes, programas importantes ficaram inertes”, diz Robson Sávio.
Segundo o especialista, com Anastasia, a Seds estabeleceu metas, como as Áreas de Integração de Segurança Pública (Aisps) e outros parâmetros, mas não teria havido a continuidade. O reflexo tem sido ocorrências evidenciando o clima de rixa entre as duas corporações, que teria resultado na saída da subsecretária de Integração, Geórgia Ribeiro Rocha, na última sexta-feira. A Seds não admite que os incidentes sejam o motivo da troca de Geórgia pelo ex-superintendente de Integração, Frederico César do Carmo.
A subsecretária deixou o cargo logo depois do incidente em Contagem, na última sexta-feira, que terminou com a execução do policial civil Sérgio Barbosa Toledo, o “Serjão”, de 51 anos. No local, havia mais de cem policias civis e diversas viaturas da Polícia Civil. Curiosamente, não havia uma única viatura ou integrante da Polícia Militar.
Outro sinal da instabilidade nas cúpulas policiais teria sido a troca do comando-geral da Polícia Militar. Após três anos no cargo, o coronel Renato Vieira de Souza anunciou, ontem, que passa a função ao coronel Márcio Martins Sant’Ana.
Outra informação não confirmada é que o chefe da Polícia Civil, Jairo Lélis, também deverá passar o bastão em breve. Um dos contados para assumir o cargo seria o atual diretor do Detran-MG, Oliveira Santiago. Lafayette Andrada é outro que deve deixar a Seds para retomar uma cadeira de deputado na Assembleia Legislativa.
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