6 de fevereiro de 2012

"Vossa Excelência", o delegado da polícia


A vontade de um corregedor da Polícia Federal em Minas Gerais de mudar o tratamento dado aos delegados federais causou polêmica dentro da corporação. Hoje tratados em comunicados oficiais como ‘vossa senhoria’, os delegados deveriam, segundo o corregedor Kemyo Melo Guimarães e o sindicato da categoria, serem chamados de ‘vossa excelência’. Mas a proposta não foi adiante.
Para justificar a mudança no tratamento, Guimarães afirma, no parecer nº 148/2012, que os delegados exercem uma relevante função social. Outro objetivo era a "equiparação das funções (de delegado) com os demais atuantes da persecução penal". 
O Sindicato dos Delegados Federais em Minas Gerais apoia a tentativa de mudança, mas não quis comentar o assunto. Oficialmente, a Polícia Federal também preferiu o silêncio. O corregedor, autor da ideia, informou que não iria atender a imprensa.
Confusão. A polêmica começou logo após o parecer do corregedor. Foram seis dias desde a assinatura do documento até sua chegada à cúpula da polícia, em Brasília. Representantes do Sindicato dos Policiais Federais em Minas Gerais (Sinpef-MG) foram contra a novidade e se reuniram com o corregedor para defenderem a ilegalidade de seu pedido. 
Logo após o encontro, o superintendente da PF em Minas, Fernando Duran, cancelou a norma.
Mas já era tarde. O pedido de mudança no pronome de tratamento já tinha repercutido nas entidades de classe, que receberam a informação com estranhamento. Para a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), a decisão é ‘estapafúrdia’. Conforme a entidade, o principal motivo para que o delegado exija o tratamento de ‘vossa excelência’ é que os policiais sejam reconhecidos dentro da carreira jurídica.
"Os delegados querem isonomia com o Judiciário e o Ministério Público. Querem isso para depois pedirem aumento salarial. Sempre sonharam com isso", afirmou o presidente da Fenapef, Marcos Wink. Para ele, as formalidades do tratamento a delegados são um desserviço. "Isso é coisa da época da ditadura militar, quando qualquer sargento era chamado de doutor".
Muitos colegas também desaprovam a tentativa de mudança. Um despacho interno da Polícia Federal classificou a medida como "vaidades herdadas do período monárquico". Para um policial federal do Triângulo Mineiro, que pediu anonimato, o cargo de delegado não dá direito ao título de ‘excelência’. "No Brasil tem isso, o cara botou uma gravata, sentou atrás de uma mesa e vira doutor", afirmou.
FONTE: O TEMPO
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1 comentários:

Anônimo disse...

Agora o Corregedor da PF fará todos engolirem sua vontade, Lei 12.830