Ainda assustada com o que aconteceu com o marido, o policial militar Edvaldo Alexandre de Oliveira, de 29 anos, que em surto subiu em uma torre de sinalização do Aeroporto de Congonhas na última sexta-feira, a jovem Marcela Oliveira disse que a PM não está deixando seu marido se afastar do trabalho para um tratamento mais prolongado.
Em janeiro, Edvaldo teve surto em serviço e vem tentando fechar um diagnóstico psiquiátrico, mas os médicos da corporação ainda não permitiram que ele tire uma licença prolongada para se tratar. “Eles dão uma licença de sete dias e ele tem de se apresentar para serviços internos”, disse ela.
Marcela conversou rapidamente com o DIÁRIO quando chegava no pequeno prédio onde vive com o marido e dois filhos, na Saúde, na Zona Sul. Sem dormir nem comer direito desde o dia do incidente, ela disse estar exausta e preocupada em proteger os filhos do assédio da imprensa.
Marcela também está revoltada com a condução policial do caso, já que Edvaldo deve ser indiciado por atentado contra a segurança de transporte aéreo. O crime é previsto no artigo 261 do Código Penal, com pena de dois a cinco anos de reclusão. Ao escalar a torre de Congonhas, Edvaldo provocou a interrupção dos voos do aeroporto por cerca de uma hora e meia e a interdição da Avenida Washington Luís, travando o Corredor Norte-Sul.
Segundo o boletim de ocorrência registrado na Delegacia do Aeroporto, o policial estava fardado, armado com uma faca e chegou a ameaçar colegas de farda que tentaram resgatá-lo. Ele tinha também uma corda amarrada em seu pescoço, segundo nota da PM.
“Não estão vendo o ser humano que está por trás desse incidente”, disse Marcela. “Ele não é criminoso, mas uma pessoa que enfrenta problemas.”
Edvaldo está internado no Hospital São Paulo, na Zona Sul, sem previsão de alta .
DIÁRIO opina
Quem cuida?
O surto do soldado Edvaldo reflete a forma descuidada com que as doenças mentais são tratadas no Brasil. A saúde pública parece reforçar a tendência cultural de se culpar o paciente por distúrbios psiquiátricos. Ciente do estresse a qual a tropa está submetida, a PM não deveria apressar a alta a alguém que, pelas atitudes, mostra ainda precisar de cuidados.
CONTINUE LENDO NO DIÁRIO DE SÃO PAULO - matéria publicada em 14/08/2012
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