Uma força tarefa envolvendo órgãos estaduais, federais e o Ministério
Público realiza na manhã desta terça-feira (4) uma operação para cumprir
83 mandados de prisão e 112 mandados de busca e apreensão contra
policiais militares de nove batalhões no Rio de Janeiro e supostos
traficantes. Ao todo, são 65 mandados contra PMs e 18 contra pessoas
suspeitas de serem traficantes.
Chamada de “Operação Purificação”, a ação é realizada na Baixada
Fluminense e em outros locais do Estado e busca prender acusados de
envolvimento com o Comando Vermelho, a principal facção que comanda o
tráfico de drogas do Rio.
Segundo a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, até as
10h30, já haviam sido presos 59 PMs e 11 supostos traficantes
Os mandados de busca e apreensão são cumpridos na casa dos denunciados e
em batalhões da Polícia Militar. Os mandados foram expedidos pela juíza
Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de
Caxias.
A força tarefa conta com a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria
de Estado de Segurança, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro, a
Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar e da Polícia Federal.
Segundo a Polícia Civil do Rio, as investigações tiveram início há um
ano. Os PMs investigados, à época dos crimes investigados lotados no 15º
BPM (Duque de Caxias), receberiam propina dos bandidos para não coibir
atividades criminosas em 13 favelas de Caxias dominadas pela facção
Comando Vermelho.
Os investigados foram denunciados pelo Gaeco pelos crimes de crimes de
formação de quadrilha armada, tráfico de drogas, associação para o
tráfico, corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão mediante
sequestro. Além disso, o Gaeco também requereu à Justiça o bloqueio
integral do dinheiro nas contas correntes de dois denunciados.
PMs sequestravam bandidos, diz força-tarefa
De acordo com a força-tarefa, os PMs não só recebiam "arrego" para
deixar de reprimir o tráfico, como também sequestravam bandidos e seus
familiares, apreendiam veículos do tráfico e exigiam dinheiro para
devolução, além de negociarem armas e realizarem operações oficiais
quando o pagamento da propina atrasava.
Conforme a polícia, o principal alvo dos policiais denunciados era a
favela Vai Quem Quer, apesar de as investigações teremo apontado que
eles agiam também nas comunidades Beira-Mar, Santuário, Santa Clara,
Centenário, Parada Angélica, Jardim Gramacho, Jardim Primavera, Corte
Oito, Vila Real, Vila Operário, Parque das Missões e Complexo da
Mangueirinha.
De acordo com investigações, os PMs não tinham um comando único e se dividiam em 11 células autônomas.
Apelidos e até dicionário próprio
A força-tarefa revelou também que, como forma se protegerem, os
policiais militares denunciados criaram apelidos coletivos para as
equipes. “Martelo”; “Rio do Ouro”; “Bonde do Chininha”; “Bonde do King
Kong”; “Macumba” e “Munição” eram alguns dos codinomes. Além disso,
para facilitar a comunicação entre as partes, traficantes e PMs também
teriam montado um “dicionário próprio”: “Sintonia”, por exemplo, seria a
expressão de traficantes e policiais para designar o acordo de não
interferência nas atividades ilícitas; "guerra" designaria a repressão
ao tráfico de drogas e entorpecentes), e "pequenos" seria o nome para os
carros da polícia do modelo Logan.
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