2 de junho de 2013

Crescimento da violência impulsiona procura por arma

Segundo diretor de clube de tiro, maioria dos clientes alega que se sente desprotegido
Segundo diretor de clube de tiro, maioria dos clientes
alega que se sente desprotegido
Dados da Polícia Federal mostram que, acuada, população tenta se proteger por conta própria
Roteiros fixos de visita a clientes, saídas regulares da empresa com altas somas de dinheiro, vizinhança com significativos índices de criminalidade e o trauma deixado por três assaltos violentos nos últimos cinco anos. São esses os argumentos que levaram o empresário C.A.J., 36, a comprar duas armas, uma para ficar em casa e outra, na empresa. Ele dá vida a dados da Polícia Federal (PF), que revelam que o crescimento de registro de novas armas acompanha a alta na violência.
Em 2012, enquanto os crimes violentos tiveram alta de 11% em Minas em relação ao ano anterior, a PF autorizou a compra de 772 novas armas por pessoas físicas – mais que o dobro do registrado em 2003, antes da aprovação do estatuto, quando houve 372 autorizações. Já em 2011, quando a violência no Estado cresceu 19% em relação a 2010, foram licenciadas 1.219 novas armas em Minas, o maior índice dos últimos dez anos.
O diretor financeiro do Clube de Tiro Protect, Leandro Silveira, confirma que o crescimento do interesse do mineiro em conseguir uma arma está ligado aos índices de violência. “A busca pelo curso de tiro tem crescido uma média de 30% ao ano, e a justificativa da maioria das pessoas é a busca pela segurança pessoal”, explica.
O medo da violência também foi o que levou o representante comercial Jesus Cabral da Costa, 63, a comprar uma nova arma e tentar conseguir o porte, o que lhe daria direito de andar armado e não apenas manter o equipamento em casa. “Sempre tive porte, mas aí veio o estatuto, acabei perdendo o direito e não ‘corri atrás’. Agora, sinto novamente a necessidade de poder andar armado diante do aumento da violência”, afirma Costa. Desde a entrada em vigor do estatuto, o porte de armas só é concedido se a pessoa comprovar que está sob ameaça.
Em vista desse cenário, o Coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio, considera o Estatuto do Desarmamento ineficaz. Para ele, a retirada das armas de circulação deveria ter sido acompanhada da garantia de segurança, fazendo com que os moradores não sentissem necessidade de se proteger por conta própria. “Não há desarmamento sem redução dos índices de criminalidade. Enquanto não houver resposta do Estado, o cidadão vai continuar achando que ter arma vai lhe dar mais segurança”, avalia.
A PF não se pronunciou.
FONTE: O TEMPO
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