1 de outubro de 2013

ARRASTÕES EM SHOPPINGS: REDES SOCIAIS PODEM SER USADAS PARA O BEM E PARA O MAL

As redes sociais tem tido papel importante na atuação da sociedade e das forças de segurança pública em Minas. Os recentes arrastões promovidos por jovens por meio das redes sociais nos últimos meses em shoppings de Belo Horizonte são prova de que elas podem ser usadas tanto para o bem quanto para mal. A declaração é do Deputado Estadual CABO JÚLIO autor do requerimento que deu origem à audiência pública e que discutiu o assunto na manhã desta terça-feira (01/10) na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).


"É importante valorizar o papel da polícia militar, da polícia civil e da segurança dos shoppings que agiram preventivamente ao monitorarem a intenção dos jovens nas redes sociais", declarou CABO JÚLIO. O Deputado lembrou, que em razão da prevenção, essas ações combinadas dos adolescentes não acontecem mais.
Marcados via redes sociais e chamados pelos próprios integrantes de “bondes”, os encontros originalmente eram apresentados como eventos para que os jovens se conhecessem e fizessem novos amigos. Alguns dos envolvidos, entretanto, anunciavam atos de vandalismo e eram muitas vezes repreendidos nas redes sociais pelos colegas, que, porém, não conseguiam impedi-los.

Trabalho de Inteligência e Redes Sociais
Segundo o chefe do 1º Departamento da Polícia Civil, delegado Anderson Alcântara, havia um serviço de inteligência dentro do Minas Shopping. "Não precisamos esperar que as coisas aconteçam. Precisamos acompanhar a evolução das coisas e fazer das redes sociais um aliado. Nós já sabíamos o que os adolescentes estavam pretendendo", declarou. Alcântara disse também que os pais estão sendo omissos quanto à vigilância dos filhos que utilizam as redes sociais. Ele afirmou ainda que muitos inquéritos sobre as ocorrências já foram concluídos e 11 pessoas já foram indiciadas
O comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar (BPM), tenente-coronel José Geraldo de Azevedo Lima disse que o fato é um fenômeno decorrente das redes sociais. Ele lembrou que a polícia militar conseguiu evitar um mal maior no dia 24 de agosto, quando jovens combinaram "encontro" no Minas Shopping. "Conseguimos nos antecipar e nos preparar para os próximos que virão", salientou. Ele sugere que é preciso conhecer melhor os adolescentes para saber lidar com eles, uma vez que, não houve força física, apenas ação do diálogo e do convencimento. Ele lembra que foram registrados os Boletins de Ocorrência e acredita que os jovens que foram qualificados pensarão antes de agir novamente.

Levantamento
Os representantes do shoppings que compareceram à audiência pública disseram ser um problema social. Um levantamento realizado pelas polícias mostrou que 70% dos adolescentes envolvidos nos arrastões tinham apenas o nome da mãe no registro. De acordo com Renan Fernando e Souza, gerente de marketing do Minas Shopping, é possível identificar de onde eles vêm e qual a necessidade deles. "É uma demanda social e não um demanda de uma turma que quer cometer assaltos. Talvez uma autoafirmação", disse.
Quem concorda é Daniel Vianna Vieira, superintendente do Boulervard, shopping da região leste que também foi alvo dos adolescentes. Ele afirma que o intuito não era arrastão e sim marcar encontros para paqueras. "Li de um especialista que a falta de lazer em BH é resultado dessas ações. Sei que não justifica, mas acontece", admite. O levantamento mostrou que os shoppings que estão próximos ao metrô foram alvos dos adolescentes em razão da proximidade com o transporte público.
Dra. Valéria Rodrigues lembrou que o encontro de jovens em redes sociais não é exclusivo de uma classe social. Ela afirmou que oito anos atrás o Pátio Savassi, na região sul de Belo Horizonte, já havia sido alvo desses encontros promovidos nas redes sociais. "O tráfico de drogas era comum, mas por alguma razão, não houve o clamor que teve esses últimos acontecimentos", disse. A juíza acusa as autoridades de abafarem o caso. Segundo Sânzio Pereira Alves, chefe de segurança do Pátio Savassi, o shopping fez uma parceria entre a PM e o juizado da infância e do menor para reprimir essas ações.

Interação
A Juíza titular da Vara Infracional da Infância e da Juventude da Comarca de Belo Horizonte, Valéria da Silva Rodrigues criticou a falta de integração das forças de segurança pública com o judiciário. Ela afirmou que o judiciário não foi notificado da força-tarefa e nem das reuniões que aconteceram entre as forças de segurança e lojistas logo após os arrastões. "Vocês não terão eficácia nenhuma nas atuações se não incluírem o Judiciário”, disse. A juíza lembrou que excluir a Vara Infracional de Crianças e Adolescentes pode aumentar o mito da impunidade em torno desse grupo", criticou. Ela lembrou ainda, que entre 2011 e 2012, houve um aumento de 36% na apreensão de armas utilizadas por menores em roubos.

Arrastões
A primeira tentativa de arrastão, ocorrida no dia 17 de agosto, foi frustrada pela polícia militar. Seis adolescentes, com idade entre 14 e 17 anos, foram apreendidos e dois homens, de 19, presos. O plano dos adolescentes era saquear lojas do Shopping Estação BH, na região de Venda Nova, que precisou fechar as portas no sábado. No dia 24, o alvo foi o Minas Shopping, localizado na região Nordeste de Belo Horizonte. Lojistas e frequentadores do centro de compras ficaram assustados com o tumulto dos jovens e foi preciso fechar lojas em dia de grande movimento no shopping. No dia 31 de agosto, o alvo seria o Boulevard Shopping, na região centro-sul. Segundo o superintendente Daniel Vianna Vieira houve uma queda de 30% na vendas no dia do acontecimento. 
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