Parentes e amigos participam de missa para lembrar a morte de policial
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| Saudade. Cerca de 400 pessoas compareceram ontem à celebração, incluindo moradores da região |
Cerca de 400 pessoas entre familiares, amigos, colegas de trabalho e moradores da região da Pampulha se reuniram nesta quinta na missa de sétimo dia do soldado da Polícia Militar (PM) André Luiz Neves, 27. Ele foi assassinado na sexta-feira enquanto tentava impedir, à paisana, um assalto no bairro Ouro Preto. Um dos suspeitos de participar do crime morreu e os outros dois estão presos.
Durante a celebração, na paróquia Nossa Senhora da Divina Providência, no bairro São Luiz, na região da Pampulha, a atitude de Neves foi lembrada como ato de coragem. Amigos e familiares afirmaram que o agente cumpriu com a vida o compromisso que fez quando entrou para a PM. “Meu filho está sendo exaltado por toda a parte. Tomara que o governo e a Justiça olhem para a nossa perda”, disse o bombeiro reformado Valter Luiz das Neves, pai do soldado.
A mãe da vítima, Elizabeth Lucas Neves, contou que, no dia do crime, seu filho estava de folga e havia saído com uma amiga. “Ele poderia ter se omitido, mas ele cumpriu à risca seu dever”, considerou. Elizabeth revelou ainda que ela não tem o poder de julgar os três homens envolvidos no assassinato. “Quem julga é Deus, mas meu filho morreu como um herói. Eu o perdi em prol da sociedade. Já essas mães perderam seus filhos para a criminalidade, tenho muita dó”, completou.
Luta por Justiça. Para que a morte de André Luiz possa servir de reflexão e luta contra a violência e a favor da Justiça, o Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte (MAMBH) preparou um manifesto. O panfleto foi distribuído para as pessoas que foram até a igreja. No texto, o movimento questiona a necessidade de que tragédias aconteçam para que a realidade mude. “Está na hora de deixarmos de lado o medo que nos paralisa e nos faz conformados”, convoca.
Segundo Adriene Ataíde Arantes Moore, administradora e presidente da Associação Pró Interesses do Bairro Bandeirantes (APIBB), a sociedade e a Polícia Militar (PM) estão cansados da falta de Justiça. “Vemos o sofrimento desses militares que prendem criminosos em um dia, e a Justiça os solta no outro”, defendeu. Ela relatou que há um trabalho conjunto entre moradores dos bairros da região da Pampulha – como Bandeirantes, São Luiz, São José e Ouro Preto – e a PM para evitar a criminalidade na região. “Acompanhamos de perto o trabalho da corporação”, afirmou. O médico Ronan Horta, morador do bairro Bandeirantes, considera que o bairro se tornou uma grande família. “Somos muitos olhos e juntos podemos ajudar mais.”
O coordenador do MAMBH, Fernando Santana, ressaltou que o trabalho do movimento é cobrar o trabalho dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, entretanto, a população também tem um papel importante nessa engrenagem. “O cidadão precisa se preocupar com quem ele vai eleger. É necessário também fiscalizar o trabalho dos representantes”, ressaltou Santana.
Testemunho
Amigos. O cabo Wellington Jacomini, que trabalhava com André Luiz Neves, o descreveu como um homem obediente aos seus ideais. “Mesmo tímido, ele fez muitos amigos onde trabalhou”.
FONTE: O TEMPO

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